Um Azar do Kralj fez a análise aos jogadores do Benfica e descobriu coisas que mais ninguém vê. Spoiler: eles estão em modo fanático
VASCO MENDONÇA E NUNO DIAS, UM AZAR DO KRALJ
JULIO CÉSAR
Não fossem 3 excelentes defesas na primeira parte e o Benfica podia ter regressado ao balneário com uma humilhação que não se via desde ontem em Vila do Conde; pior ainda, com a liderança da Liga em risco. Não digam a ninguém, mas o segredo do Benfica está nos jogadores. Apresentou níveis de concentração elevados ao longo de toda a partida, recusando mais uma vez a comentar a situação política brasileira e, claro, sofrendo mais um golo num lance de bola parada alheio à sua forma de estar no futebol e na vida.
NELSON SEMEDO
Dados da OCDE e das primeiras 4 jornadas confirmam que os portugueses trabalham muitas horas, mas a sua produtividade continua abaixo da média europeia. Tinha sido esta a história das exibições de Nélson Semedo, pelo menos até aos 52 minutos da partida de hoje, quando evitou de cabeça um golo certo de Wilson Eduardo. Ascendeu a herói da noite numa fase em que o Benfica tremelicava e é assim que queremos recordá-lo.
LINDELÖF
Mais uma exibição muito aplaudida pela confederação de patrões, neste caso do eixo defensivo. Lindelöf parece já ter muitos anos disto, mas não lhe digam nada que o homem começa já a pensar em sair.
LISANDRO
Começou o jogo quase tão bem como Schwarz na estreia enquanto comentador da BTV, oferecendo um lance de golo a Hassan e Pedro Santos. Tal como Schwarz, denotou algum nervosismo e um ou outro pontapé na gramática. Ficou em branco numa jornada em que alguns seus adversários directos na luta pela Bota de Ouro voltaram a facturar. Ao contrário de Schwarz, Lisandro deverá manter a titularidade.
GRIMALDO
Um dos jogadores que mais tem feito por justificar a expressão papoila saltitante neste início de época. Grimaldo não se limita a correr como os restantes colegas. Dêem-lhe 25 metros de relva e estes transformam-se num imenso prado. Mas desengane-se quem pensa que o espanhol distrai. Grimaldo é uma Julie Andrews cada vez mais objectiva, quer a atacar quer a defender.
FEJSA
Fez a pior exibição esta época, uma forma excessivamente crítica de dizer que mantém a superioridade face a 99% dos humanos que ocupam a mesma posição em campo. A Standard & Poor’s, que não é de alarmismos, manteve o seu rating em AAA com perspectiva estável. Por uma vez o povo concorda.
ANDRÉ HORTA
De cada vez que corre para a bancada e abraça um familiar, apetece-me levar uma cartolina para o próximo jogo na Luz a dizer “André Horta, dá-me o teu abraço”. Que coisa tão bonita. Lamenta-se apenas que as estruturas normativas o tenham impedido de celebrar a vitória com o irmão Ricardo Horta, outro benfiquista ferrenho. Temos muito que evoluir enquanto sociedade.
PIZZI
Haters gonna hate, mas a grande verdade é que começa a ser impissivel dizer mal de Pizzi. E ele parece saber isso, manipulando a opinião pública como poucos. Se o elogiam, faz tudo para falhar um passe. Se não dizem nada, desaparece da partida qual mestre do disfarce. Se o criticam, logo marca um golo, assiste um colega e cria uma mão cheia de oportunidades. Apetece odiá-lo, mas como? Um enigma que só uma leitura mais profundo do jogo poderia desvendar, o que sinceramente agora não dá, já me estão a perguntar quando é que envio o texto.
SALVIO
É sempre o primeiro no Twitter a agradecer o apoio dos adeptos, pelo que vou tentar ser simpático. Salvio, i love you but you’re (kind of) bringing me down. O argentino exibir-se a um nível intermitente e, apesar de tecnicamente ainda ser dono da sua posição, a sua Medellin vê-se cada vez mais ameaçada pelo cartel de Carrillo e Los Rafas. Pode estar a caminho do banco de suplentes, onde terá manifestamente melhores condições para ser o primeiro a agradecer o apoio dos adeptos no Twitter.
GONÇALO GUEDES
A angústia do guarda-redes no momento do penalty? Esqueçam a literatura. Somos todos actores principais no reality show “a angústia do adepto no momento em que Gonçalo Guedes toca na bola”. É espantoso como um miúdo de 19 anos, tão esforçado e envolvido na dinâmica ofensiva da equipa (fez a assistência para o primeiro golo), parece por vezes conduzir a bola ou libertar-se da mesma como quem transporta consigo os fantasmas de múltiplas missões no Iraque ou sucessivos empréstimos ao Mafra. Traumas à parte, existe ali um jogador de futebol, e talvez estejamos, hoje, um pouco mais perto de o descobrir.
KOSTAS MITROGLOU
O comentário futebolístico moderno tem gerado inúmeros excessos analíticos. Um dos maiores é a avaliação de um ponta-de-lança em função de coisas como “pressionar sem bola”, “apoiar os colegas”, “ocupar o espaço”, “bascular”, “apoiar na verticalização” ou “abraçar o Jonas durante os festejos”. Nunca mais saíamos daqui. Esta merda é bastante simples. Mitroglou até podia ter passado metade do jogo a caçar Pokémons ou a defender a Mariana Mortágua no Twitter que eu não queria saber. Enfiou duas batatinhas lá dentro. Se eu fosse fanático, diria inclusive que Mitroglou fez uma assistência para o golo de Pizzi - e é exactamente isso que estou a afirmar.
CARRILLO
O melhor peruano do plantel do Benfica voltou a entrar bem no jogo e já merecia um joguinho a titular. Tendo em conta o actual desempenho da equipa médica do Benfica e os 10 meses que passou sem jogar futebol a sério, seria de esperar que Carrillo já tivesse posto fim à sua carreira com uma rotura de ligamentos qualquer. Assim vai fintando adversários e o destino.
ZÉ GOMES
Pouco mais de 10 minutos em campo chegaram para confirmar que estamos perante um dos maiores talentos do futebol mundial. Era só para ver se ainda estavam a ler. Deviam alterar já o nome da camisola para Z. Golos.
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